Paula Rego
Auto-retrato - Paula Rego
Não sendo eu erudita, o meu gosto por qualquer forma de arte vem mais da empatia com a obra. E as pinturas de Paula Rego falam comigo em silêncio. A sua Possessão (I-VII) é de tal forma impressionante que não encontro melhor definição de um silêncio que grita. Também Love nos leva para essa transcendência amorosa que muitos já experienciámos no mais íntimo e, ao mesmo tempo, no mais epidérmico silêncio.
À parte a obra, sinto também empatia com a pessoa pela sua genuinidade. Nascemos genuínos, mas à medida que nos tornamos adultos essa genuinidade vai-se acorrentando, em maior ou menor grau, escrava do julgamento alheio e/ou do nosso próprio julgamento. Por vezes, na idade mais avançada observamos a sua libertação, numa altura em que muito pouco pesa já o juízo alheio. Por vezes acontece-me acerca de uma obra, embora possa gostar do estilo, qualquer coisa não bate certo…. “Canta, mas não me encanta”. A arte, quando é genuína, faz vibrar a nossa alma, tal como a pontinha da cauda erguida do meu gato vibra quando ele está feliz. Paula Rego é genuína. Uma genuinidade que transpira no silêncio da sua obra.