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Hostel

A vida privada de cada um de nós compreende a sua intimidade, mas não se esgota nela. Afinal, como dizia a poetisa “Como se um grande amor cá nesta vida não fosse o mesmo amor de toda a gente!...”.

Hostel

A vida privada de cada um de nós compreende a sua intimidade, mas não se esgota nela. Afinal, como dizia a poetisa “Como se um grande amor cá nesta vida não fosse o mesmo amor de toda a gente!...”.

27
Out18

Desejo(s)

Luisa Brito

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"O maior paradoxo do desejo não está em procurar-se sempre outra coisa: está em se procurar a mesma, depois de se ter encontrado."

 

Vergílio Ferreira

26
Out18

No fim de contas

Luisa Brito

IMG_20161217_122452.JPG

 

Al Cabo

Al cabo, son muy pocas las palabras
que de verdad nos duelen, y muy pocas
las que consiguen alegrar el alma.
Y son también muy pocas las personas
que mueven nuestro corazon, y menos
aún las que lo mueven mucho tiempo.
Al cabo, son poquíssimas las cosas
que de verdad importan en la vida:
poder querer a alguien, que nos quieran
y no morir después que nuestros hijos.

 

Amalia Bautista

23
Out18

Brincadeira

Luisa Brito

O outro 2.jpg

 

Brincadeira

 

Ando a correr atrás do Outro,

como fazem

dois meninos brincando num jardim...

 

... até me achar, de repente,

sem saber como, o Outro lá da frente,

que vai fugindo de mim.

 

Sebastião da Gama in Serra-Mãe

 

19
Out18

Não te rendas

Luisa Brito

Podemos.jpg

 

Não te rendas

 

Não te rendas, ainda estás a tempo

De alcançar e começar de novo,

Aceitar as tuas sombras,

Enterrar os teus medos,

Libertar o lastro,

Retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,

Continuar a viagem

Perseguir os teus sonhos,

Destravar o tempo,

Remover os escombros,

e destapar o céu.

Não te rendas, por favor não cedas,

Mesmo que o frio queime,

Mesmo que o medo morda,

Mesmo que o sol se esconda,

E se cale o vento,

Ainda há fogo na tua alma

Ainda há vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua e teu também o desejo

Porque o quiseste e porque eu te quero

Porque existe o vinho e o amor, é certo.

Porque não há feridas que não cure o tempo.

Abrir as portas,

Tirar os ferrolhos,

Abandonar as muralhas que te protegeram,

Viver a vida e aceitar o repto,

Recuperar o riso,

Ensaiar um canto,

Baixar a guarda e estender as mãos

Abrir as asas

E tentar de novo,

Celebrar a vida e retomar os céus.

Não te rendas, por favor não cedas,

Mesmo que o frio queime,

Mesmo que o medo morda,

Mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,

Ainda há fogo na tua alma,

Ainda há vida nos teus sonhos

Porque cada dia é um começo novo,

Porque esta é a hora e o melhor momento.

Porque não estás só, porque eu te amo.

 

Mario Benedetti (tradução de Inês Pedrosa)

12
Out18

Da comunhão com os anjos (II)

Luisa Brito

ines flor 4.jpg

 

Pai, diante destes meninos

O meu coração não duvida.

Ao fixar estes olhos pequeninos,

Eu vejo os Teus que me envolvem de ternura.

Ao sentir estas mãozinhas nas minhas,

São as Tuas mãos que me tocam.

Ao receber estes sorrisos,

Eu sinto-me amado por Ti.

Pai, não sou eu que Te revelo a eles,

São eles que Te revelam a mim.

Eles trazem até mim

A lembrança da criança que fui.

Como tudo era simples.

Como tudo se resolvia

Com um “pronto, já passou”.

Estes meninos são prendas.

São a água que preenche os nossos espaços.

São o Teu eterno milagre em nós.

Pai, já não trago o meu menino ao colo.

Hoje, trago-o pela mão

Para me sentar com ele à Tua mesa

(Ou é ele que me leva a mim?...)

No princípio eram doze...

Hoje somos mais...

Mas o Teu pão não acaba,

O Teu amor não se esgota.

Pai eu agradeço,

Eu quero agradecer sempre

Estes meninos

Que um dia hão-de partir,

Para amarem noutro lugar e de outra maneira,

Para que nasçam outros meninos que por sua vez partirão,

Para que tudo morra e tudo viva e tudo continue.

E és sempre Tu que nasces e Te renovas e estreitas mais esta Comunhão,

Esta partilha de Ti, meu Pai,

Neste amor em que não há dois mas um

Que se torna naquilo que ama por esse amor.

Assim eu me torno menino com eles

E tornando-me menino sinto-me mais perto de Ti

Meu Pai.

07
Out18

O "delete"

Luisa Brito

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Alguns de nós são conhecidos por terem o coração ao pé da boca. De facto, muitas vezes perante pessoas ou acontecimentos com os quais discordamos temos tendência a dizer a primeira coisa que nos surge. E, se essa acção suscita reacção, pode seguir-se um esgrimir de argumentos, com maior mas geralmente, com menor correcção. E fazemos questão de estar certos nos mais pequenos detalhes. E se podemos estar certos no conteúdo, por vezes a forma que usamos para expressar esse conteúdo pode fazer-nos perder, exactamente, aquilo que mais valorizamos: a razão. Antes de falar deveriamos pois reflectir, já que a palavra uma vez lançada jamais se recupera... E também porque o nosso cérebro é facilmente condicionável. Vejamos: é bem verdade que somos o que comemos, ou o que (nos) damos a comer. E isto em toda a abrangência do que somos e do que comemos. Tudo aquilo que alimentamos cresce em nós (é a velha história dos lobos...). E se sistematicamente criticamos maldizendo, estamos a sacrificar a crítica positiva que é elogio e agradecimento sinceros.

Mas se com a palavra falada é muitas vezes difícil ter isto presente, com a palavra escrita deveria ser muito mais fácil. Escrever é uma forma de nos escutarmos a nós e aos outros. Há muitas coisas que só compreendemos verdadeiramente quando as escrevemos (ou lemos). Pelo que ao escrever temos essa oportunidade, que não temos ao falar, de sopesar as palavras de modo a que, no final, restem as que são mesmo essenciais. E isto nada tem a ver com dissimular ou calar o que se sente ou pensa. Escrever deveria permitir-nos este exercício, que antes se equacionava com mais cuidado porque re-escrever pelo punho ou com a máquina consumia muito tempo. Agora é tudo muito mais imediato.  Mas com tantas funções que temos à disposição “copy-paste”, “insert”, na realidade usamos o “delete” menos do que deveríamos. Porque no final, o que não tem efectivamente importância, no dia seguinte já esqueceu e, entretanto, usou-se o tempo no que é verdadeiramente valioso e fecundo, para nós e para os outros.

05
Out18

Paz

Luisa Brito

DSC00263R.JPG

 

Ode à Paz

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!
 
Natália Correia, in "Inéditos
01
Out18

Para sempre

Luisa Brito

coração independente.png

   Joana Vasconcelos - Coração Independente

 

Uma palavra. Recupero-a agora na minha imaginação doente. Amo-te. Na intimidade exclusiva e ciumenta  do nosso olhar mútuo e encantado. Fecha-nos o lençol na claridade difusa do amanhecer, estás perto de mim no intocável da tua doçura. Frágil de névoa. Fímbria de sorriso e de receio, de pavor, no meu olhar embevecido. Uma palavra. A primeira que em toda a minha vida me esgotou o ser. A que foi tão complexa e absorvente, que tudo o mais foi um excesso na criação. Deus esgotou em mim, na minha boca, todo o prodígio do seu poder. Ao princípio era a palavra. Eu a soube. E nada mais houve depois dela.

Vergílio Ferreira in Para Sempre

 

(A Charles Aznavour que partiu hoje mas que continuará a interpretar o nosso coração)

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