Já tinha estado duas vezes em Veneza, na última há 13 anos, foi de lá que falei pela última vez com a minha mãe ao telefone “Aproveita filha…” e, por isto, Veneza provoca-me sensações distintas. Como noutros destinos semelhantes, o número de turistas é cada vez maior. A Praça de São Marcos, a Basílica, as pontes Rialto e da Academia são literalmente marés vivas de gente. Para se aproveitar uma fotografia, tiram-se 10 à espera que uma aconteça entre os pingos da chuva humana. Mas as ruazinhas e canais mais interiores continuam encantadores. Veneza é única! A água envolve-nos por todo o lado. A paragem do autocarro é a paragem do vaporetto. O cheiro desagradável é mais um mito do que realidade. De facto, talvez das outras vezes mas curiosamente, desta vez em pleno Agosto e com ainda mais gente, não só não encontrei maus cheiros, como a água dos canais era muito verde.
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Em chegando ao aeroporto Marco Polo, tomamos o Alilaguna para Veneza. Esta viagem é logo um primeiro presente… Tenho de confessar que até hoje o meu coração continua a reagir como quando era criança. E acho tudo maravilhoso. De modos que, mesmo sob alguns protestos…, viajei um bom bocado de costas e de joelhos no assento para poder estar à janela do Alilaguna e melhor desfrutar da paisagem. Saindo na paragem recomendada, o Google Maps ajuda a chegar à residência. Sinais dos tempos, os smartphones estão fortemente a substituir os velhos mapas em papel para nos orientar nos passeios turísticos. Em Veneza então, só com o mapa em papel é mais complicado porque, muitas ruas e pracinhas são tão pequenas que não vêm nos mapas. Pelo que, o que mais se vê são turistas de telemóvel na mão. Tivemos muita sorte com a residencial, quarto espaçoso, sossegado, sempre limpíssimo e, tal como prometido, com vista para o canal. Um pequeno almoço óptimo para iniciar bem o dia de grandes caminhadas, sob um calor muito húmido. Provavelmente esta combinação fez com que este ano os mosquitos venezianos estivessem destemidos e não respeitassem as pulseirinhas repelentes que levámos de Portugal. Aconselho quem vá no Verão de não esquecer de levar um repelente à séria… Em Veneza é tudo muito caro, provavelmente mais caro que noutras cidades italianas, mas também é tudo muito bonito. Eu também sou suspeita porque adoro as cidades italianas a que nunca me canso de regressar.
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Para entrar na Basílica de San Marco é preciso enfrentar duas filas verdadeiramente gigantescas. A primeira para guardar os pertences e depois a segunda propriamente para poder entrar. Pelo que, como já lá entrei em antes e ninguém mais fez questão, ficámo-nos pelo apreciar da magnífica Piazza com as suas esplanadas, com as suas galerias de sombra, para onde fugimos nas horas de maior calor, e com a sua música ao vivo nos cafés. A única coisa que parece destoar é o campanário que parece ter sido posto ali a despropósito…. Com menos multidões e uma óptima vista sobre il Canal Grande, ergue-se a basílica de la Madonna della Salute, mandada construir em agradecimento pelo fim da peste em 1631.
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A ponte da Academia e a ponte Rialto que cruzam o Grande Canal, são boas mesmo para fotografias, bem como o mercado do Rialto, mas o melhor é fugir e ir à procura de outros interesses como a gelataria Suso ou, à noite depois do imprescindível banho refrescante, o Antico Gatoleto, óptimo para um jantar reconfortante e saboroso, num ambiente muito agradável. Mas antes, uma visita à afamada livraria Acqua Alta, onde ainda vimos um dos gatos do proprietário, cá fora à sombra, espapaçado pelo calor. Nesta livraria, espécie de alfarrabista, os livros são guardados em canoas e gôndolas, justamente para os proteger da “acqua alta”, uma vez que em certos períodos do ano a maré sobe em Veneza podendo inundar as zonas mais baixas da cidade. Em anos em que isso aconteceu, os livros que ficaram danificados foram transformados numa escada num pequeno terraço de frente para o canal.
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Em São Marcos Zacaria compramos o biglietti que nos levaria à ilha de Burano. Uma outra agradável e refrescante viagem de 1 h no vaporetto, para conhecer uma antiga vila piscatória hoje conhecida pelas suas rendas e casinhas coloridas. Diz-se que as cores vivas das casinhas permitiam aos pescadores avistá-las de longe mais facilmente, particularmente, quando havia nevoeiro.
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Mas o melhor de Veneza é mesmo deambular pelas suas ruazinhas estreitas, entrecortadas por escadinhas para pontes e pracinhas e deslumbrarmo-nos a cada dobrar de esquina por um novo detalhe.
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No último dia, apanhámos o vaporetto para Santa Lucia e dali continuámos de comboio rumo a Florença - Santa Maria Novella … E ouço ainda agora a voz da minha mãe “Aproveita filha…”.