In memoriam
Soneto para o amigo morto
Preferiste morrer pois assim seja
Amém, adeus, meu velho amigo morto
Cá dentro desprendido te revejo
E apronto-me a compor um canto absorto
Já sei que para ti deus te proteja
Não queres funerais nem o conforto
De choros e de lágrimas na igreja
Mas um simples caixão e um anjo torto
A perguntar o tonto “E agora, Zé?”
Mas tu morreste mesmo e eu aqui
A compor rimas fúteis fúteis pés
Já sei há tanta morte por aí
Tanta gente morrendo aos pontapés
Mas como tu tão morto nunca vi
Manuel Resende