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Hostel

A vida privada de cada um de nós compreende a sua intimidade, mas não se esgota nela. Afinal, como dizia a poetisa “Como se um grande amor cá nesta vida não fosse o mesmo amor de toda a gente!...”.

Hostel

A vida privada de cada um de nós compreende a sua intimidade, mas não se esgota nela. Afinal, como dizia a poetisa “Como se um grande amor cá nesta vida não fosse o mesmo amor de toda a gente!...”.

29
Mar20

Stai a casa!

Luisa Brito

 

 

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Minha querida Itália! E com isto digo todos os locais em que nos sentimos tão felizes, todos os amigos que não nos deixam esquecer que muito mais é o que nos liga que aquilo que nos separa. Gente bonita, afectuosa e alegre.  Ainda no Verão passado, em Itália, partilhei a estampa de uma t-shirt que dizia “I don´t need terapy I just need to go to  Italy”. Obrigada Itália! Roma, Veneza, Florença, Pizza, e uma outra vez e outra e outra, Florença, Pizza, Veneza, Roma do meu coração.  A Itália que faz tantos milagres precisa de um milagre.  Quem for de rezar que reze, quem não for de rezar que cruze os dedos e deseje com muita Força o Bem! Para eles, para nós, para Todos! E façamos a única coisa que podemos e devemos fazer agora  ”stai a casa!” . Por Deus, ou com sorte, contaremos aos nossos filhos, aos nossos netos que, com a nossa atitude, com responsabilidade, com respeito e com honra, fizemos a parte que nos cabia. Estamos todos unidos, ricos e pobres, eruditos e iletrados, santos e pecadores, pouco importa. É o mesmo fio condutor que nos une a Todos. Descolemos então os olhos do abdómen, para não perder a chamada. De contrário… nem as máquinas nos salvarão…

27
Mar20

Segredo

Luisa Brito

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Guardamos os segredos ao lado de tudo o que não dizemos. Nesse grande sótão escuro há de tudo, há aquilo que não dizemos porque temos medo, porque temos vergonha, porque não somos capazes; há aquilo que não dizemos porque desconhecemos, ignoramos mesmo, apesar de estar lá, em nós. Os segredos não são assim. Eles estão lá, podemos visitá-los, assistir a eles, sabemos as palavras exactas para dizê-los e, muitas vezes, temos tanta vontade de contá-los. Mas escolhemos não o fazer.

 

José Luís Peixoto

21
Mar20

O obstáculo invisível

Luisa Brito

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As forças do homem não são concebidas como uma orquestra. No homem é necessário que todos os instrumentos toquem constantemente com toda a sua força. Não foram destinados a ouvidos humanos e não dispõem da duração de uma noite de concerto durante a qual cada instrumento pode esperar para se fazer valer.
Por vezes parece que as coisas serão assim: tu tens tal tarefa a cumprir, dispões de tantas forças quantas são necessárias para a levar a bom termo (nem muito, nem muito pouco, sem dúvida te é necessário concentrares-te, mas não tens que estar ansioso), com bastante tempo teu e boa vontade para o trabalho, onde está o obstáculo ao êxito da imensa tarefa? Não percas tempo a procurá-lo, talvez não exista.

Franz Kafka 

15
Mar20

Eis o programa do mestre...

Luisa Brito

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/…/ Simplesmente, notaremos que o ser mestre não é de modo algum um emprego e que a sua actividade se não pode aferir pelos métodos correntes; ganhar a vida é no professor um acréscimo e não o alvo; e o que importa, no seu juízo final, não é a ideia que fazem dele os homens do tempo; o que verdadeiramente há-de pesar na balança é a pedra que lançou para os alicerces do futuro.

A sua contribuição terá sido mínima se o não moveu a tomar o caminho de mestre um imenso amor da humanidade e a clara inteligência dos destinos a que o espírito o chama; errou o que se fez professor e desconfia dos homens, se defende deles, evita ir ao seu encontro de coração aberto, paga falta com falta e se mantém na moral da luta; esse jamais tornará melhores os seus alunos; poderão ser excelentes as palavras que profere; mas o moço que o escuta vai rindo por dentro porque só o exemplo o abala. /…/

Ora o mestre não se fez para rir; é de facto um mestre aquele de que os outros se riem, aquele de que troçam todos os prudentes e todos os bem estabelecidos; pertence-lhe ser extravagante, defender os ideais absurdos, acreditar num futuro de generosidade e de justiça, despojar-se ele próprio de comodidades e de bens, viver incerta vida, ser junto dos irmãos Homens e da irmã Natureza inteligência e piedade; a ninguém terá rancor, saberá compreender todas as cóleras e todos os desprezos, pagará o mal com o bem, num esforço obstinado para que o ódio desapareça do mundo; não verá no aluno um inimigo natural, mas o mais belo dom que lhe poderiam conceder; perante ele e os outros nenhum desejo de domínio; o mestre é o homem que não manda; aconselha e canaliza, apazigua e abranda; não é a palavra que incendeia, é a palavra que faz renascer o canto alegre do pastor depois da tempestade; não o interessa vencer, nem ficar em boa posição; tornar alguém melhor — eis todo o seu programa; para si mesmo, a dádiva contínua, a humildade e o amor do próximo.

 
Agostinho da Silva, in Considerações

 

08
Mar20

8 de Março

Luisa Brito

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Passei o dia com as minhas duas mulheres preferidas. Privilégio! Com saúde e bem-dispostas. Duplo privilégio! Estão comigo, também, todas as mulheres da minha vida, passadas, presentes e as futuras…. Vou à boleia, eu que não dou particular relevância ao dia (da mulher), aproveito o pretexto (se preciso fosse) para a ternura.

A discriminação de género é um facto. Lamentável e intolerável, como qualquer tipo de discriminação. E a discriminação intra-género? “Tous les hommes sont égaux... mais il y en a qui sont plus égaux que d’autres.” E mulheres também! Infelizmente, há umas mais iguais que outras…. Não consigo ter uma visão romântica do que seria um mundo governado por mulheres. Não consigo acreditar que, no momento presente, um mundo governado por mulheres pudesse ser muito diferente deste mundo governado por homens. O que mais nos assiste presenciar são mulheres que, uma vez que alcançam lugares de topo, discriminam por sua vez, outras mulheres e homens. Muitas gerações de subserviência levam muitas vezes à mimetização do padrão. Passam de oprimidas a opressoras sem se darem conta, por vezes, que seguem o modelo que toda a vida contestaram.

Quando não mais fizer sentido haver “dia da mulher”, quando as mulheres deixarem de ter a necessidade de provar, a todo o momento, que são iguais ou que são melhores do que os homens, ou mesmo do que outras mulheres, então o eu feminino prevalecerá sobre o ego, e as mulheres poderão mostrar, sem qualquer condicionamento, o lado sensível e humano que as habita: a sua poderosa energia. Será o dia em que homens e mulheres que se sintam, de todos os credos e raças, se assumirão na riqueza das suas diferenças e das suas semelhanças, complementando-se e crescendo com as mesmas oportunidades. Esse dia não existe ainda, mas é em direcção a ele que devemos caminhar, sendo educados e educando.

06
Mar20

Acho que me vou deitar

Luisa Brito

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... Acabou de dar a uma. Voltei para casa às onze e meia e passei as últimas horas sentado numa poltrona, como um idiota. Não consegui fazer nada. Só ouço a tua voz. Estou como um tolo a ouvir-te chamar-me «Querido». Ofendi hoje dois indivíduos ao abandoná-los friamente. Era a tua voz que eu queria ouvir, não a deles.
Quando estou contigo, ponho de parte a minha natureza desconfiada e desdenhosa. Gostava de sentir a tua cabeça no meu ombro. Acho que me vou deitar.
Passei meia hora a escrever isto. Escreves-me qualquer coisa? Espero que sim. Como vou assinar? Não assino, porque não sei com que nome assinar.

James Joyce 

04
Mar20

Fiz-te a ti!

Luisa Brito

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… Antes de mais, é necessário que nos disponhamos todos, crentes e não crentes, a uma atitude de humildade, porque se a fé é incapaz de "explicar" a dor, a razão ainda o é menos. A dor dos inocentes é algo de demasiado puro e misterioso para poder ser contido dentro das nossas pobres "explicações". Jesus, diante da viúva de Naim e da irmã de Lázaro, não soube fazer melhor do que comover-se e chorar./…/

O mais importante, no entanto, quando se fala de dor inocente, não é explicá-lo; é não aumentá-la com os nossos actos e com as nossas omissões. E também não chega não aumentar a dor inocente; é preciso igualmente procurar aliviar a que existe.

Diante de uma criança tolhida de frio que chorava de fome, um homem gritou um dia a Deus, do fundo do coração: «Ó Deus, onde estás? Porque não fazes alguma coisa por esta criança inocente?». E Deus respondeu-lhe: «Certamente que fiz algo por ela: fiz-te a ti!».

 

Padre Raniero Cantalamessa

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