#cuoredinapoli
Para quem conhece meia dúzia de cidades do Norte e Centro de Itália, incluindo Veneza, Florença e Roma, Nápoles foi uma surpresa. Nápoles é diferente. Menos rica, menos limpa, menos bela, por certo mais esquecida dos poderes centrais, discriminada pelos italianos do Norte, dizem, como perigosa, suja e pobre. Ainda assim, Nápoles é genuína e nunca nos sentimos em perigo. Em Agosto, Nápoles está banhada de turistas e no centro histórico há movimento até muito tarde. Por ser uma cidade menos rica, para um Português, o custo de vida em Nápoles é muito mais aceitável do que no Norte/Centro de Itália. E, em geral, os Napolitanos são simpáticos e educados.
Até à chegada de Maradona, em 1984, o Napoli era quase inexpressivo em conquistas. Com Maradona, o clube começou a ganhar títulos numa Itália dominado por gigantes como a Juventus e o Milan. Fora de campo, os feitos liderados pelo talento do Argentino tiveram um enorme simbolismo social. Era a vitória de Nápoles frente ao preconceito dos italianos do Norte. Maradona passou a ser idolatrado pelos napolitanos, e esta adoração, como se de Deus se tratasse, continua hoje muito visível, particularmente no Quartieri Spagnoli, um bairro antigo de Nápoles e um dos mais pobres, e considerado perigoso, do centro da cidade.
Foi no Quartieri Spagnoli que nos demos conta do #cuoredinapoli e que entendemos o gesto do dono do restaurante Al 53, na Piazza Dante, ao oferecer-me um pequeno coração vermelho. Brincava comigo sobre a excelência do bacalhau Português, dizendo “não temos bacalhau, mas temos isto”.
O projeto #cuoredinapoli tem origem no Kiss Festival, em Nápoles em 2014 e 2015. Tomou então visibilidade e foi disseminado pelas redes sociais tornando-se viral. Ao longo do tempo, tornou-se num símbolo da cidade que nele se identifica num conjunto de sinergias, de caracter artístico entre outras, que sublinham a união do povo Napolitano, em torno de um bem comum.