Fiz-te a ti!
… Antes de mais, é necessário que nos disponhamos todos, crentes e não crentes, a uma atitude de humildade, porque se a fé é incapaz de "explicar" a dor, a razão ainda o é menos. A dor dos inocentes é algo de demasiado puro e misterioso para poder ser contido dentro das nossas pobres "explicações". Jesus, diante da viúva de Naim e da irmã de Lázaro, não soube fazer melhor do que comover-se e chorar./…/
O mais importante, no entanto, quando se fala de dor inocente, não é explicá-lo; é não aumentá-la com os nossos actos e com as nossas omissões. E também não chega não aumentar a dor inocente; é preciso igualmente procurar aliviar a que existe.
Diante de uma criança tolhida de frio que chorava de fome, um homem gritou um dia a Deus, do fundo do coração: «Ó Deus, onde estás? Porque não fazes alguma coisa por esta criança inocente?». E Deus respondeu-lhe: «Certamente que fiz algo por ela: fiz-te a ti!».
Padre Raniero Cantalamessa